O povo nordestino
- A miscigenação étnica e cultural de índio, europeu e africano foi a base da formação da população do Nordeste. Porém a região não apresenta uma mistura étnica uniforme. Encontramos
- de caboclos no Ceará, na Paraíba e no Rio Grande do Norte;
- de mulatos na Bahia, Piauí, Pernambuco e no Maranhão (que também apresenta uma porcentagem significativa de cafuzos);
- 25% dos nordestinos apresentam predominância da ancestralidade europeia, em sua maioria holandesa.
Para recordar...
- Mulato é um termo que designa uma pessoa que é descendente de africanos e europeus
- Caboclo é o mestiço de branco índio; caboco, mameluco, cariboca, curiboca. Antiga designação do indígena brasileiro.
- Cafuzo é a designação dada no Brasil aos indivíduos resultantes da miscigenação entre índios e negros africanos ou seus descendentes.
João Grilo, personagem de cordel e da obra de Ariano Suassuna representa o caboclo nordestino, que sofre da desconfiança e preconceito dos mulatos, ganhando a alcunha de “amarelo”.
O sertão
- Uma das origens etimológicas da palavra vem da contração da palavra desertão;
- Segundo os escritores João de Barros, Damião de Góis, Fernão Mendes Pinto, o padre Antônio Vieira e Pero Vaz de Caminha, culturalmente e folcloricamente, é o interior, mais ligado e com a permanência de costumes e tradições antigas;
- O nome fixou-se no Norte e no Nordeste, muito mais do que no Sul.
- O Sertão brasileiro é uma sub-região do Nordeste do Brasil que se estende por grande parte da Bahia, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Piauí; por todo o Ceará; e por uma pequena parte do Sergipe e de Alagoas. Além disso, atinge o norte e o noroeste de Minas Gerais, mais precisamente no Vale do Jequitinhonha.
Questão FUVEST
Só os roçados da morte
Compensam aqui cultivar
e cultivá-los é fácil:
simples questão de plantar
não se precisa de limpa,
de adubar nem de regar,
as estiagens e as pragas
fazem-nos mais prosperar;
e dão lucro imediato;
nem é preciso esperar
pela colheita: recebe-se
na hora mesma de semear
(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina)
Nos versos acima, a personagem da “rezadora” fala das vantagens de sua profissão e de outras semelhantes. A seqüência de imagens neles presente tem como pressuposto imediato a idéia de:
a) sepultamento dos mortos.
b) dificuldade de plantio na seca.
c) escassez de mão-de-obra no sertão.
d) necessidade de melhores contratos de trabalho.
e) técnicas agrícolas adequadas ao sertão.
Resposta correta:
a) sepultamento dos mortos.
— O meu nome é Severino não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias. Mas isso ainda diz pouco: há muito na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias? Vejamos: é o Severino da Maria do Zacarias, lá da Serra da Costela, limites da Paraíba. Mas isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com nome de Severino filhos de tantas Marias mulheres de outros tantos, já finados, Zacarias, vivendo na mesma serra magra e ossuda em que eu vivia. Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida).
— O meu nome é Severino não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias. Mas isso ainda diz pouco: há muito na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias? Vejamos: é o Severino da Maria do Zacarias, lá da Serra da Costela, limites da Paraíba. Mas isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com nome de Severino filhos de tantas Marias mulheres de outros tantos, já finados, Zacarias, vivendo na mesma serra magra e ossuda em que eu vivia. Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida).
É possível identificar nesse excerto características:
a) regionalistas, uma vez que há elementos do sertão brasileiro.
b) vanguardistas, pois o tratamento dispensado à linguagem é absolutamente original.
c) existencialistas, pois há a preocupação em revelar a sensação de vazio do homem do sertão.
d) naturalistas, porque identifica-se em Severino as características típicas do herói do século XIX.
e) surrealistas, já que existe uma apelação ao onírico e ao fantástico.
Resposta correta:
O sertanejo é, antes de tudo, um forte!
- O isolamento do sertanejo o mantém preso a valores arcaicos como o messianismo, sobremodo em sua feição sebastianista.
- A “tutela do sobrenatural” rege a vida cotidiana e as vicissitudes do meio intensificam a religiosidade e a consciência mágica do mundo.
- Um mundo de profetas, de iluminados, de místicos que, nas cidades da Costa, seriam considerados loucos, mas que ali, naquela civilização imobilizada na História, eram os líderes naturais, expressando os valores da comunidade.
- Cabeças chatas, comedores de farinha e rapadura, os flagelados em tempos de seca, os necessitados; assim é que boa parte da população “sulista” vê o nordestino. Para muitos de uma terra seca como “aquela” não poderia sair outro fruto
- E o preconceito não recai apenas em sua população, a cultura também é mal vista, apesar de grandes expoentes de todas as áreas das artes no Brasil nascerem no Nordeste.
- Grandes poetas, excelentes romancistas, ótimos pensadores, incomparáveis músicos e artistas em geral ganharam espaço no mundo todo.
- Porém um rótulo de vulgaridade, de falta de expressividade, de cultura menos elaborada os perseguem.
- A cultura popular, por sua vez, é a mais perseguida porque não move muito dinheiro.
Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com umafaúlha do seu isqueiro.
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É cair, porém, dai a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade. Transborda a vida.
O REGIONALISMO ROMÂNTICO
Saindo da abordagem urbana o escritor volta-se para o campo, para a província e para o sertão, num esforço nacionalista de reconhecer e exaltar a terra e o homem brasileiro, acentuado as particularidades de seus costumes e ambientes.
Assim ele busca retratar o Nordeste ( O Sertanejo, de Alencar e a Cabeleira, de Franklin Távora), o Sul ( o Gaúcho, de Alencar) o Sertão de Minas e Goiás ( o Garimpeiro e o Seminarista, de Bernardo Guimarães) e o Sertão e o Pantanal de Mato Grosso ( Inocência, do Visconde de Taunay).
A literatura romântica no Brasil apresentou várias tendências, entre elas:
- Regionalismo (ou sertanismo), que aborda o nosso homem o nosso homem do interior, caracterizando a região em que vive com seu folclore, seu costume e tipo característico;
- Realidade política e social (o abolicionismo, as lutas humanitárias, sentimentos liberais, o poder agrário);
O romance romântico teve fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o trecho acima, é possivel reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições do Romantismo para construção da identidade da nação é a
a) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação.
b) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que coibiu a exploração desenfreada das riquezas naturais do país.
c) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natureza brasileira.
d) expansão dos limites geográfioos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do território nacional e deu a conheoer os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros.
e) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando um conceito de nação centrado nos modelos da nascente burguesia brasileira.
Resposta correta:
d) expansão dos limites geográfioos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do território nacional e deu a conheoer os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros.
Ai se sessê - Zé da Luz
Se um dia nós se gosta-se
Se um dia nós se quere-se
Se nós dois se emparea-se
Se jutim nós dois vive-se
Se jutim nós dois mora-se
Se jutim nós dois drumi-se
Se jutim nós dois morre-se
Se pro céu nós assubi-se
Mas porém se acontece-se de São Pedro não abri-se
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arrimina-se
E tu com eu insinti-se
Prá que eu me arresouve-se
E a minha faca puxa-se
E o bucho do céu fura-se
Távez que nós dois fica-se
Távez que nós dois cai-se
E o céu furado arria-se
E as virgem todas fugir-se
Se um dia nós se quere-se
Se nós dois se emparea-se
Se jutim nós dois vive-se
Se jutim nós dois mora-se
Se jutim nós dois drumi-se
Se jutim nós dois morre-se
Se pro céu nós assubi-se
Mas porém se acontece-se de São Pedro não abri-se
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arrimina-se
E tu com eu insinti-se
Prá que eu me arresouve-se
E a minha faca puxa-se
E o bucho do céu fura-se
Távez que nós dois fica-se
Távez que nós dois cai-se
E o céu furado arria-se
E as virgem todas fugir-se
Brasil Real ≠ Brasil Oficial
" O país real, esse é bom, revela os melhores instintos; mas o país oficial, esse é caricato e burlesco“
( Machado de Assis - "Diário do RJ" - 29-12-1861)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWj48mCXVR9h3i-YsKFRuLjWgeP89JSLTezINWxdvBjq2yenZ7AcPwNLLtgUHlSDrNORPR9NFu8qSe_76nJPum9ZsMAnDhEg9Qck6BJayi7vveQQDyR_lM5GeDbiYjtDG9D-yeOyaV1UpY/s200/Imagem15.png)
" O mal de nossa terra está entre alguém e ninguém: poucos serem COM, muitos serem SEM. Mande a sua ajuda para o menino Brasil. Endereço: qualquer rua, o número é dois mil !
Se você prestar atenção
de onde vem essa voz,
ela vem bem lá do fundo,
de dentro de todos nós !
Esta criança é um milagre,
Só parece que é um bebê !
Tem mais de quinhentos anos
E se parece com você !
Mas ela tem um segredo
que vem do passado escuro:
ela é nosso presente,
prá ser um novo futuro !
Vamos, menino Brasil !
Vamos tudo mudar !
Vamos recomeçar a luta
prá justiça implantar !
O modelo para seguir
está em nossa memória.
Vamos seguir Canudos
Prá avançar na História !
“(…) esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se.”
Assinale a frase que, retirada de Os sertões, sintetiza o trecho citado.
a) “é o homem permanentemente fatigado”
b) “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”
c) “a raça forte não destrói a fraca pelas armas, esmaga-a pela civilização”
d) “Reflete a preguiça invencível (…) em tudo”
e) “a sua religião é como ele — mestiça”
Resposta correta:
b) "o sertanejo é, antes de tudo, um forte"
O cacto - Manuel Bandeira
Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:
Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco Nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades
excepcionais.
Um dia um tufão furibundo abateu-os pela raiz.
O cacto tombou atravessado na rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bondes, automóveis, carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas
privou a cidade de iluminação e energia:
- Era belo, áspero, intratável.
- A toada é uma cantiga, canção, cantinela, soada; solfa, a melodia nos verso para cantar.
- Com raras exceções – amorosos, líricos, cômicos – fogem da forma romanceada, sendo formalmente de estrofe e refrão.
- Musicalmente, não tem características definidas, pois abrange várias regiões e reflete as peculiaridades de cada uma delas.
- A toada Luar do Sertão (1914) é de autoria de João Pernambuco (melodia) e Catulo da Paixão Cearense (letra). Já foi considera o segundo hino brasileiro, cantada por vários artistas brasileiros, foi popularizada primeiramente pela interpretação dos cariocas Vicente Celestino e Francisco Alves.
Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão
A gente pega na viola que ponteia
E a canção é a lua cheia
A nos nascer no coração
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
Coisa mais bela neste mundo não existe
Do que ouvir-se um galo triste
No sertão, se faz luar
Parece até que a alma da lua é que descanta
Escondida na garganta
Desse galo a soluçar
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
Ai, quem me dera que eu morresse lá na serra
Abraçado à minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado numa grota pequenina
Onde à tarde a sururina
Chora a sua viuvez
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como este do sertão
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