quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
"Apelo de Teresópolis" - Mário Faustino
Este poema não está na lista do vestibular da UFMG/2011. Mas vale a pena uma conferida.
É impressionante a força das palavras. Não quero dizer ou estabelecer uma relação direta das imagens com o poema de Faustino, primeiro pela separação temporal de décadas, segundo que tanto a poesia quanto as imagens expressam mais significados que qualquer pessoa é capaz de limitar.
Apelo de Teresópolis
Raiz de serra
raiz da terra
na raiz do ser
está o mal.
Botão de rosa
botão da coisa
borbotões de sangue;
o mangue,
este é o mal.
Cimo de cerro
no imo do ermo
rasteja o erro.
Nu.
Neste dedo.
A lousa
raiada de restos.
- Pão
para os que sobrevivem!
Lá
é rara a que sempre vive.
Tomba
a cara entre a lide e a vide -
O sal da terra.
(A leste, o mar.)
O ser enfermo.
Resto
- "Que resta de teu filho?"
As pombas
ímpares
hoje se odeiam.
O sal, a serra, a sul o mangue -
Longe se ateia
vasto rastilho:
voz que reclama
raiz de serra
na foz da chama
rosa de sangue
na luz da lama
cimo de cerro
no limo do erro
voz que proclama
- Não há bombas
limpas.
[19/10/1958]
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