quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Barroco



  • Barroco - arte seiscentista - pérola de forma irregular. 
  • Pessimismo 
  • Desequilíbrio entre razão e emoção 
  • Dualidade: contradição 
  • Tendência à ilusão (fuga à realidade objetiva, subjetividade) 
  • Tendência à alusão (descrição indireta) 
  • Predomínio de figuras como metáfora, antítese, paradoxo, hipérbole, hipérbato.
  • Meu jardim da vida ressecou, morreu, no pé que brotou Maria nem margarida nasceu. (Metáfora)
  • Vida e morte são temas recorrentes na literatura. (Antítese)
  • A vida é o primeiro passo no caminho para a morte. (Paradoxo)
  • Morreria mil vezes se fosse necessário para lhe fazer feliz. (Hipérbole)
  • Ouviram do império os soldados o sussurro do bruxo. (Hipérbato)


Tendências do Barroco literário


Cultismo: poeta espanhol Dom Luís Góngora (Gongorismo) – Grande influência na obra de Gregório de Matos. 
  • Hipertrofia da sonoridade e imagens da obra literária. 
  • Predomínio das metáforas, sinestesias, aliterações, hipérbatos, antíteses, trocadilhos, neologismos. 
  • Descritivismo rebuscado, rico e tortuoso. 
  • Às vezes, chega a obra literária ao hermetismo. 

Conceptismo: D. Francisco Quevedo é o mais representativo. Grande influência na obra de Padre Vieira
  • Hipertrofia da dimensão conceitual da obra literária, mais razão e  menos exploração dos sentidos. 
  • Raciocínios engenhosos, jogo intelectual de paradoxos e sutilezas lógicas. 

  • Cultismo é descritivo. Conceptismo é analítico. 
  • Cultismo é jogo de palavras. Conceptismo é jogo de idéias.


Características da arte barroca

  • Destinava-se a fascinar pelos sentidos e a veicular uma mensagem ideológica através:
  • do movimento curvilíneo, real ou aparente
  • da assimetria
  • do jogo da luz e da sombra
  • da busca do infinito, do teatral, do fantástico
  • do cenográfico.
Judite e Holofernes
Na arte religiosa, procurou aprisionar o crente pelos sentidos – visual, auditivo, olfativo – de forma a provocar emoção, afetividade e misticismo.

Definiu uma arte nova e original em termos de linguagem decorativa, mais fantasista, mais imaginativa, mais cénica, mais ao gosto pessoal dos seus criadores.

Foi uma arte que se aliou ao poder: dos reis e da Igreja.



Arquitetura barroca
Elementos definidores:

Utilização de elementos construtivos do Renascimento:
  • Uso das ordens clássico-renascentistas (jónica, coríntia, compósita, colossal);
  • Gramática formal (colunas, entablamentos, frontões);
  • Proporções modulares (medida o Homem).

Aliança com a pintura, escultura, jardinagem e jogos de água.
  • Criação de efeitos perspectivos e ilusórios, nas plantas, tetos, cúpulas, pela decoração;
  • Criação de ilusão do movimento;
  • Combinação e abundância de linhas opostas reforça efeito cénico;
  • Uso de jogos de claro-escuro pela construção de massas salientes e reentrantes (sinuosas ou lisas).
Elementos construtivos usados como elementos puramente decorativos:
  • uso de colunas torsas, helicoidais, duplas ou triplas e escalonadas;
  • uso de frontões centrais para reforçar o movimento ascensional das fachadas;
  • uso de decorações naturalistas.
Arquitetura Religiosa - Características

Planta da Igreja de S. Carlos das Quatro Fontes,
Roma - Borromini
Plantas: 
  • Apresentam uma grande diversidade formal (formas geométricas curvas, elípticas e ovais, irregulares como as trapezoidais, e estreladas);

Plantas de nave única que se apresentam segundo duas tipologias: 
  • Retangulares, a nave central alonga-se, empurrando as naves laterais de modo a ficarem reduzidas a capelas abertas para o espaço central;
  • Elíptico-transversais e elíptico-longitudinais;




(4) Catedral de Mariana; (5) São Francisco de Assis em São João del Rei; (6) Igreja Nossa Senhora do Carmo, Ouro Preto



Paredes:
  • Exteriormente, para se adequarem aos desenhos sinuosos das plantas, alternaram entre côncavas e convexas, formando paredes ondulantes, criando surpresa e efeitos luminosos;
  • Interiormente, estão cobertas por estuques, pinturas, retábulos em talha dourada, criando a ilusão de um espaço maior, ligando teto e parede;

Coberturas: 
  • Abóbadas, sustentadas por contrafortes exteriores, decorados com voluptas ou orelhões;
  • Cúpula colossal (representava simbolicamente o Céu); prolonga as paredes;

Fachadas:


  • Seguiram primeiro o esquema renascentista e maneirista (o corpo central tem um grande frontão que acentua a verticalidade);
  • Mais tarde apareceram fachadas mais caprichosas:- Divididas em andares;
- Formas onduladas (côncavas e convexas) e irregularidades, contribuem para o jogo de luz e sombra;


  • Portal principal tem maior ênfase pela decoração vertical e pela acumulação de ornamentação - esculturas, frontões, colunas;
  • Igreja de São Francisco em Salvador / Bahia 
  • Torres sineiras, nos lados da fachada, são elementos independentes que reforçam a verticalidade.
Decoração interior – tem por objetivo aumentar o movimento

Pinturas a fresco:


  • Com linhas ondulantes, serpentinadas, turbilhões de figuras voadoras, querubins e anjos, inseridos numa luz celestial, ascendendo ao infinito, na procura de Deus, através de invisíveis linhas de perspectiva;
  • Mármores policromados
  • Talha dourada
  • Esculturas
  • Retábulos
  • Telas
  • Órgãos

Tudo isto contribui para a profusão da cor e para o prazer dos sentidos.





Muitos quilos de ouro foram usados para fazer o douramento do interior da igreja


Atlantes (anjos de feição adulta com vestimenta e posicionados sob as colunas do altar como se sustentasse seu peso sobre as costas, remetem a Atlas)
Altar-mor da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, Recife, Pernambuco
Figura 2

Figura 1
Comparando as figuras, que apresentam mobiliários de épocas diferentes, ou seja, a figura 1 corresponde a um projeto elaborado por Fernando e Humberto Campana e a figura 2, a um mobiliário do reinado de D. João VI, pode-se afirmar que:


a) Os materiais e as ferramentas usados na confecção do mobiliário de Fernando e Humberto Campana, assim como os materiais e as ferramentas utilizados na confecção do mobiliário do reinado de D. João VI, determinaram a estética das cadeiras.

b) As formas predominantes no mobiliário de Fernando e Humberto Campana são complexas, enquanto que as formas do mobiliário do reinado de D. João VI são simples, geométricas e elásticas.

c) O artesanato é o atual processo de criação de mobiliários empregado por Fernando e Humberto Campana, enquanto que o mobiliário do reinado de D. João VI foi industrial. 

d) Ao longo do tempo, desde o reinado de D. João VI, o mobiliário foi se adaptando consoante as necessidades humanas, a capacidade técnica e a sensibilidade estética de uma sociedade.

e) O mobiliário de Fernando e Humberto Campana, ao contrário daquele do reinado de D. João VI, considera primordialmente o conforto que a cadeira pode proporcionar, ou seja, a função em detrimento da forma.


  • No mobiliário correspondente  ao reinado de D. João VI,  assiste-se à preferência pelo mogno maciço ou folheado e ao abandono dos marchetados tão apreciados até então. As superfícies escuras, lisas e polidas do mogno são animadas pela aplicação de bronzes cinzelados e dourados, frequentemente substituídas por madeira entalhada, gessada e dourada, por vezes enquadrando escudos (monogramas)

Irmãos Capana
Resposta Correta:

D) Ao longo do tempo, desde o reinado de D. João VI, o mobiliário foi se adaptando consoante as necessidades humanas, a capacidade técnica e a sensibilidade estética de uma sociedade.

Essa questão explorou a habilidade 13 – Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.


A Música Barroca

Freqüentemente, a música é exuberante: ritmos enérgicos a impulsionam para frente; as melodias são tecidas em linhas extensas e fluentes, com muitos ornamentos (trinados, por exemplo); contrastes de timbres instrumentais (principalmente nos concertos), de poucos instrumentos contra muitos, e de sonoridades fortes com suaves (a dinâmica de patamares, por vezes efeitos de eco)."






Ao Braço do Mesmo Menino Jesus Quando Apareceu

O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.


Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo.

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.


Resposta a uma freira, satirizando-a lhe atribuindo o nome de pica-flor


"Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteia a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-Flor."




Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, 
Da vossa piedade me despido, 
Porque quanto mais tenho delinqüido, 
Vós tenho a perdoar mais empenhado. 

Se basta a vos irar tanto um pecado, 
A abrandar-vos sobeja um só gemido, 
Que a mesma culpa, que vos há ofendido, 
Vos tem para o perdão lisonjeado. 

Se uma ovelha perdida, e já cobrada 
Gloria tal, e prazer tão repentino 
vos deu, como afirmais na Sacra História: 

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada 
Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino, 
Perder na vossa ovelha a vossa glória


O amor fino

Ora vede: Definindo S. Bernardo o amor fino, diz assim: Amor non quaerit causam, nec fructum: “O amor fino não busca causa nem fruto”. Se amo, porque me amam, tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: o amor fino não há de ter por quê nem para quê. Se amo por que me amam, é obrigação, faço o que devo; se amo para que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois como há de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo, como ut amem: amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o amam, é agradecido; quem ama, para que o amem, é interesseiro; quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, esse só é fino. 

(Sermão do Mandato, In Sermões)


Sermão do bom ladrão

O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões de maior calibre e de mais alta esfera; os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento distingue muito bem São Basílio Magno. Não só são ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este titulo são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e enforcam.


Dois dos doze profetas de
Aleijadinho, situado no Santuário do
Bom Jesus de Matosinhos,
em Congonhas, Minas Gerais.
O escultor e arquiteto,
Antônio Franscico Lisboa,
chamado de Aleijadinho
"O Barroco Mineiro nasceu mestiço como seus criadores, filtrando influências de várias partes de Portugal e do Brasil.  Muitas vezes seu esplendor se esconde no interior das pequenas igrejas de paredes de taipa, quadradas e brancas, revelando-se com impacto quando se abrem as portas. É o que acontece, por exemplo, na Igreja de Nossa Senhora do Ó, em Sabará, ou na Capela do Padre Faria, em Vila Rica, e em várias outras construções da primeira metade do século XVIII".

























Nossa Senhora cercada de anjos músicos, no teto da igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto
Manuel Costa Ataíde ou Mestre Ataíde.
Ouro Preto, o maior conjunto de arte barroca do mundo.

Figura 8 - ALEIJADIN HO. Prisão no Horto das Oliveiras.
Congonhas, MG, Brasil.

Observando a fotografia de uma das capelas do Santuário Bom Jesus de Matosinhos, percebemos a coreografia (arte de criar movimentos) das esculturas. Podemos dizer que essa obra nos lembra:


a) Uma orquestra tocando.
b) Um quadro pintado.
c) Um conjunto arquitetônico.
d) Uma cena teatral.



Resposta Correta:

d) Uma cena teatral

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